Compositor: Colin Meloy
Somos dois marinheiros
Os únicos sobreviventes de nosso navio
Na barriga desta baleia
Suas costelas são as vigas do teto
Suas entranhas são o carpete
Imagino que temos algum tempo livre
Você pode não se lembrar de mim
Eu era uma criança de três anos
E você, um rapaz de dezoito
Mas, eu lembro de você
E eu vou narrar a você
Como nossas histórias se entrelaçam
À época você era
Um libertino vagabundo
Que gastava todo o seu dinheiro
Em prostitutas e apostas
(Oh, oh)
Você tinha um ar encantador
Todo desconcertado e jovial
Minha viúva mãe achou tão doce
E então ela trouxe-lhe para dentro
Os lençóis dela ainda com o calor dele
Agora repletos de sujeira e doença maligna
Com o passar do tempo você se provou
Uma desordem bêbada e endividada
Deixando minha mãe
Uma pobre miserável tuberculosa
(Oh, oh)
E então você desapareceu
Suas dívidas de apostas
Foram a única coisa que você deixou para trás
E, em seguida, o magistrado
Reivindicou nossa pequena propriedade
E minha pobre mãe perdeu a cabeça
Então, um dia na primavera
Minha querida doce mãe morreu
Mas, antes que ela o fizesse
Peguei a sua mão enquanto ela, morrendo, clamava
(Oh, oh)
Encontre-o, prenda-o
Amarre-o a um poste e quebre
Seus dedos a estilhaços
Arraste-o a um buraco até que ele
Acorde nu
Arranhando o teto
De seu túmulo
Levei quinze anos
Para engolir todas as minhas lágrimas
Entre os moleques na rua
Até que um mosteiro
Sentiu pena e contratou-me
Para manter sua sacristia agradável e limpa
Mas, nunca sequer uma vez no emprego
Desses santos homens
Jamais sequer uma vez afastei minha mente
Do pensamento de vingança
(Oh, oh)
Uma noite por acaso eu ouvi
O monge conversando
Com um baleeiro penitente do mar
O capitão de seu navio
Que era igual a você dos pés à cabeça
Era conhecido pela crueldade desenfreada
No dia seguinte
Eu embarquei ao mar
Com um corsário
E no assobiar
Do vento
Eu quase podia ouvir
(Oh, oh)
Encontre-o, prenda-o
Amarre-o a um poste e quebre
Seus dedos a estilhaços
Arraste-o a um buraco até que ele
Acorde nu
Arranhando o teto
De seu túmulo
Há uma coisa que devo dizer-lhe
Enquanto você navegar pelos mares
Sempre, sua mãe cuidará de você
Enquanto você vingar este ato perverso
E então, naquela noite fatídica
Tínhamos você em nossa visão
Depois de vinte meses, aparentemente
Seu flanco estibordo alinha-se
Eu estava limpando meu mosquete
Quando veio esse rugido de baixo
O oceano balançou
O céu ficou escuro
E o capitão fraquejou
E ante nós cresceu
As raivosas mandíbulas
De uma baleia gigante
(Oh)
Não sei como eu sobrevivi
Toda a tripulação fora mastigada viva
Devo ter deslizado por entre seus dentes
Mas, oh, que providência
Que a inteligência divina
Que você tinha que sobreviver
Assim como eu
Dá aos meus olhos grande alegria
Ver os seus olhos encherem-se de medo
Incline-se para mais perto
E eu vou sussurrar
As últimas palavras que você vai ouvir
(Oh, oh)